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25 de Abril Sempre

Ontem foi dia de passeio com os amigos.

O que inicialmente seria um piquenique na serra da Arrábida,

acabou por ser uma bela almoçarada algures próximo da Ericeira.

Inevitavelmente falámos sobre o 25 de Abril e chegámos à conclusão,

que também os nossos pais foram Homens e Mulheres de Abril.

Também eles reuniam às escondidas, ouviam musicas de intervenção,

liam A Republica, colocavam cartazes e tinham o sonho de gritar LIBERDADE.

Somos filhos dos pós 25 de Abril, mas sabemos bem o que as gerações anteriores lutaram.

de linho te vesti
de nardo te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei

sei dos teus olhos acesos na noite
sinais de bem despertar
sei dos teu braços abertos a todos
que morrem devagar
sei meu amor inventado que um dia
teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá vencer

irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri e dei
dei do meu corpo um chicote de força
rasei meus olhos com água

dei do meu sangue uma espada de raiva e uma lança de mágoa
dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas

e nunca te encontrei na estrada do que fiz
amor que não logrei mas quis

sei meu amor ineventado que um dia teu corpo há-de acender uma fogueira de sol e de fúria que nos verá nascer

então:

NEM CHOROS, NEM MEDOS, NEM UIVOS, NEM GRITOS,
NEM PEDRAS, NEM FACAS,
NEM FOMES, NEM SECAS, NEM FARSAS,
NEM FORCAS, NEM FARPAS, NEM FERAS,
NEM FERROS, NEM CARDOS, NEM DARDOS,
NEM TREVAS, NEM GRITOS, NEM MAL

Eu fui ter com os meus colegas da faculdade, como tento fazer todos os 25 de Abril. Descemos a avenida da Liberdade, vamos à manifestação, cantamos o Grândola de cravo em riste.

Às vezes vejo nas novas gerações uma total indiferença em relação ao 25 de Abril. Não fazem ideia de que, sem esta revolução, não poderiam sair à noite, beber um copo, namorar na rua. Impressiona-me. Entristece-me. Dão a liberdade como um conceito garantido e nem se apercebem que é uma construção frágil, fácil de perder.

Ontem, ao chegar aos Restauradores, a dona Celeste (sobre quem já fiz uma reportagem porque foi ela que começou a colocar flores nas espingardas dos soldados há 32 anos) ofereceu-me um cravo. E eu ofereci o cravo da dona Celeste a uma velhota de olhos encharcados. estava a chorar de alegria, porque a Liberdade estava a descer a avenida e ela podia corar se quisesse.

Viva o 25 de Abril!

Em todos os dias 25 de Abril, tenho uma rotina,
Vou buscar os meus cd´s de Zeca e percorro todas as músicas, fecho os olhos e imagino o povo a sair à rua, de sorriso rasgado e voz imponente.
Não consigo escolher apenas uma musica…são tantas…e tão fortes.
Hoje deixo-vos esta, com todo o seu simbolismo


Enquanto há força
Tinha uma sala mal iluminada
Um homem novo veio da mata
Ali está o rio
Arcebispíada
Lá vem subindo o abismo
Lá vêm os nossos soldados
Maravilha, maravilha
A acupunctura em Odemira
Viva o poder popular


25 DE ABRIL SEMPRE

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