« Home | O eterno problema do IC19 » | Quem tem medo de sorrir? » | A primavera faz destas coisas, aquece-nos o coraçã... » | Dias Complicados » | Hoje já disseram às vossas princesas o quanto gost... » | Foto BRUTAL- só mesmo a National Geographic... » | É uma casa muito engraçada » | O Mar » | Até ao fim do mundo » | Como Maria »

Os teus cabelos brancos

Sempre te conheci com cabelos brancos e mãos suaves.

Os anos foram passando e o engraçado é que alguns dos teus cabelos brancos deram lugar a cabelos pretos mas as mãos essas continuam finas e macias. Sempre gostaste de lavar as mãos com limão, dizes que as tornam mais bonitas. (Passaste quando vês as minhas unhas ruídas)…

O coração fica pequenino cada vez que te vejo, estás cada vez mais frágil e mais carente.

Nem sempre tomaste as opções que eu gostaria mas sempre as respeitei, por seres mais velha, por seres tu, por seres minha avô.

Tens uma sabedoria e vivência impar, és uma pessoa de manias (acho que próprias dos Gémeos).

Gosto das tuas piadas e das tuas resmunguices, dizes e sempre disseste tudo, toda a vida.
Não és mulher de meias palavras. Basta perguntarem qual é a tua opinião e zás; já te saltou da boca mesmo sem pensar, és genuína e espontânea.

És mais um marco na minha vida, uma mulher cheia de força e cheia convicções.

Há sete anos que morreu a minha avó. Morreu-me nos braços, em minha casa, depois de penar durante meses amarguras que não merecia.
Eu era o neto preferido dela. Foi ela quem me disse, uma vez que fomos para a quinta dos meus bisavós na malveira, tive uma discussão com o meu pai e ela veio comigo lá para fora, para o pomar, e deitamo-nos os dois na terra a contar as estrelas.
Eu estava triste, pleno de certezas de que o meu irmão mais velho era o preferido do meu pai, o mais novo da minha mãe e eu não era o preferido de ninguém. Mas ela deu-me a mão e dissipou-me o complexo de irmão do meio: «Não te preocupes, filho, és o preferido da avó.» O drama dessa noite passou, de mão dada com a minha avó, deitado na terra e a ver as estrelas. Tenho tantas saudades dela.

A minha avó:
... fazia sempre um panelão do melhor arroz doce do mundo a olho
... contava as diabruras que fazia na escola enquanto andou 4 anos na 1ª classe!
... punha hortelã na canja, a única que eu conseguia comer
... enrolava o longo cabelo totalmente branco num nó bem repuxado
... usava meias pelo joelho com ligas de elástico
... adorava jogar às cartas a dinheiro
... atirava a carne congelada ao chão às 5 da manhã!
... levava-me à missa e fazia-me cumprimentar as primas todas
... era sempre a dona da razão
... e eu sinto que ela ainda está à minha espera na casa com corações na janela, e me vai receber com um abraço e um "olha a minha neta". As saudades são muitas, mas as recordações ficam para sempre.

Hergé said...

91 anos a 2 de julho e eu não vou estar lá

fisicamente, porque de resto somos um e um só

avó é mãe duas vezes

vovó...: amo-te muito e tu sabes disso

és a única razão que me leva a ponderar seriamente se faço bem em estar a 6000 km de casa

Um Bem Hajam a todas elas

A minha avó fazia as melhores torradas e as melhores batatas fritas do mundo….
Lembro-me de ir a casa dela, e de a ver sempre se volta dos saquinhos. A minha avó fez durante muitos anos, aqueles sacos saloios de retalhos par o turismo de Sintra, colocava neles toda a sua perfeição e dedicação.

A minha avô era a pessoa mais querida do mundo para mim (tb. eu era a sua netinha preferida), "carochinha" era como ela me chamava. E sei que ainda hoje esteja ela onde estiver, continua a rezar por mim como sempre fez, desde o meu nascimento...um beijo avó!

Enviar um comentário